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Vitor Rocha fala sobre as adaptações do musical Cargas d'Água para Nova Iorque


Um musical genuinamente brasileiro e autoral chamou a atenção do público e da crítica por ser simplório no quesito produção, mas dotado de poesia e metáforas.


"Cargas d'Água - Um musical de bolso" gira em torno de Moleque, um garoto sem nome, porém repleto de sonhos, que encontra no seu peixe de estimação um propósito para viver, assim partindo em busca do mar rumo a uma viagem repleta de medos e personagens que agregam ensinamentos à vida do protagonista.


A equipe criativa é liderada pelo faz-tudo Vitor Rocha que, além de estrelar, é responsável pelo texto e canções do espetáculo. O artista tem conquistado seu espaço e ganhou o Prêmio Bibi Ferreira como Revelação 2018, além de diversas outras vitórias e indicações. Junto a ele nas composições está Ana Paula Villar, uma parceria que deu certo e vem rendendo frutos desde então.


A história já foi contada em cidades como: São Paulo, Brasília, Campinas e Jacutinga (cidade natal do autor). Mas dessa vez se prepara para voar ainda mais alto. Segundo nota do Estadão, o espetáculo chega a Nova Iorque ainda este ano pelas mãos do produtor Eduardo Medaets, e nós conversamos com Vitor Rocha, o autor/ator/cantor/poeta desse pequeno grande fenômeno musical para saber um pouco mais sobre essa grande travessia.


Confira a entrevista abaixo:



Aqui no Brasil, "Cargas d'Água" também fala e enaltece o regionalismo além dos aspectos figurativos da história (os tipos de medo e outros subtons sobre a vida). Como você adaptou o texto e pensou para esses pontos tão relevantes se manterem em outro idioma e cultura?


Eu acho que isso é um dos maiores tesouros que tentei guardar nessa história, então pouquíssimas adaptações estão sendo feitas, na verdade, apenas as necessárias. Acho muito importante que se mantenha tudo o que for possível nessa “exportação”, assim estaremos levando não só uma história nossa para lá, mas também nossa cultura, nosso povo.



Como aconteceu a ideia de levar o "Cargas d'Água" para NYC?


Partiu do ator e produtor Eduardo Medaets, brasileiro que se mudou para NYC no ano passado. Ele queria muito começar a galgar seu espaço independentemente e se lembrou que essa foi uma vontade minha e do Sr. Cargas aqui no ano passado, então fez o convite e nós aceitamos muito felizes.



Qual foi a decisão mais crucial durante a adaptação?


Tiveram e estamos tendo várias, na verdade. Acredito que, por ser a primeira vez que estou vendo uma obra minha ser adaptada/traduzida, sinto que qualquer decisão é crucial. E isso é bom para exercitar o desapego, mas também para me fazer prestar atenção no que é realmente essencial.



Com relação à Versão das músicas, como pensou no lirismo delas durante o processo de reestruturação? O sotaque, as gírias, neologismos que são tão inerentes da narrativa e da nossa cultura?


A versão do texto e letras está sendo feita pela Isabela Bustamanti, uma das artistas que eu mais admiro e uma das poucas pessoas a quem eu confiaria uma adaptação/versão de uma obra minha. Eu faço apenas a revisão e, como gosto de brincar, o “controle de qualidade”. Eu e a Isabela conversamos bastante sobre tudo isso e, como disse antes, optamos por tentar mudar o mínimo possível.

O vocabulário e os sotaques do “Cargas” são muito específicos e o plano está sendo abrir mão apenas do que poderia comprometer o entendimento do enredo.



Indo sem pressa de ser o que já é, como você imagina o "Cargas d'Água" nos palcos em NYC?


Exatamente assim, como ele é e pede para que seja: simples e honesta. E quem viu, ouviu, assistiu ou leu essa história (com o coração) sabe do que estou falando. É sobre medo, sobre ternura, sobre fazer arte, sobre ser brasileiro, e sempre vai ser isso, em qualquer formato, lugar ou idioma. Só quero e me dou o luxo de imaginar pessoas sendo transformadas e, numa ironia gigante, deixando de estocar suas lágrimas e sorrisos.



E já que falamos sobre medo, qual foi o seu maior durante todas as considerações?


(QUE PERGUNTA DIFÍCIL!) No roteiro de “Cargas” a Pepita fala uma hora sobre o medo dos artistas: não ser ouvido. Acho que é esse! Desenvolvendo seria o medo de que essa história não toque as pessoas por algum motivo.


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