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AUDIÇÕES #1 - Com qual música eu vou?


O ano de 2019 só está começando e temos uma paleta enorme de musicais que estrearão durante esses dois semestres, ou seja, existem várias possibilidades de você se inscrever para audições assim que abrirem o Open-Call.


Audicionar para o ator é o mesmo que uma entrevista de emprego para qualquer outro profissional e tão estressante quanto, por isso é importante que você esteja atento ao que deve ou não fazer, levar ou usar durante uma, para que as dúvidas e inseguranças com relação a isso não te atormentem no momento. Existem centenas de questionamentos ao redor desse monstro que é a audição e tem quem ame e odeie (eu amo), porém, seja lá qual for seu gosto, tenha em mente que esse é um dos processos mais engrandecedores de um artista e você pode e deve extrair o máximo dessa experiência.


Então, durante essa série, da inscrição ao Call-back Final, você vai receber várias dicas, instruções, conselhos, e tudo mais o que for necessário para não cometer nenhum deslize básico antes de finalmente entrar na sala de audição e dar o seu melhor. Vamos lá?


Bom, selecionar uma música é a escolha mais difícil numa audição, pois ela basicamente definirá se seu futuro será dentro daquela produção ou não. Sendo assim, você precisa estar atento a todas as considerações antes de tomar uma decisão.



  • Músicas muito conhecidas:


Essas são as famosas músicas com “marca registrada”, ou carinhosamente apelidadas de: “Ah, não, você de novo?”. Para você não ter que parar na frente da bancada com seu melhor sorriso enquanto tem um flashback vívido da Cathy Hiatt em The Last Five Years ("Por que eu escolhi essa música? Por que eu escolhi essa carreira?”), evite cantar músicas de repertórios famosos. Não por serem ruins, muito pelo contrário, mas por estarem gastas demais a ponto de colocar o padrão muito alto para você conseguir algum destaque entre o júri. Por que os jurados deveriam considerar você cantando Think of Me ao invés da garota anterior que atingiu todas as notas igualzinho?

Quando você escolhe um solo popular demais, automaticamente mil expectativas recaem sobre você, tanto consigo mesmo quanto por parte dos outros. E já são muitas as coisas a se pensar antes e durante uma audição, e ter que, além de lidar com a pressão VISUAL de centenas de pessoas segurando uma partitura igual a sua, precisar ser melhor do que a pessoa anterior que cantou a mesma música, é simplesmente brutal. Não precisa ser o Bootcamp do X-Factor UK com todo mundo pegando a mesma música para cantar! Preserve seus nervos!! Essa parte de igual para igual vai chegar e você vai desejar que nunca tivesse.


  • Sobre correr riscos:


Acho bem importante esse tópico vir logo depois desse grande lembrete sobre não pegar as músicas conhecidas demais. Porque existem exceções e elas estão aí para serem consideradas, sim. No entanto, o que você tem que ter em mente ao levar a partitura de Defying Gravity ou Stars para a audição, correndo o risco de passar em branco, é de que precisa existir um diferencial. De alguma maneira é necessário que se destaque, seja pelo seu emprego dramático da canção que estudou ou aprendeu, ou por ser uma versão melódica diferente de algum cantor, até mesmo de uma das sessões do 54th Below.




  • Par de vaso:


É um clichê falar isso? Sim! Mas serve sempre como um bom lembrete. Não cante a mesma música do musical que você está audicionando, ainda mais se já for com personagem preestabelecido na ficha. Você só deve levar quando for uma das exigências da audição, caso o contrário, não.

Parece um lenga-lenga, porém existe uma coerência por detrás. A primeira audição não está aí exatamente para te verem como X ou Y personagem imediatamente, e sim para os jurados terem noção de seus atributos vocais, físicos e um pouco dramático (inserido também dentro da própria canção). Por isso que, no momento em que você leva o solo extraído do espetáculo, está ultrapassando esse estágio e todas as outras etapas (salvo exceções), basicamente gritando "Sou eu quem vocês estavam procurando, pode encerrar", e isso pode soar muito pretensioso, ainda que não tenha sido a intenção, e, principalmente, despreparado.

E, lembrando, o personagem preestabelecido é sobre combinação. Se você está audicionando para o papel da Tracy Turnblad, que é cômico, pressupõe-se que a música escolhida seja cômica também, não que seja a do espetáculo. Isso existe em algumas fichas de inscrição para a produção ter um controle melhor das seleções e poder já te analisar com um olhar mais especificado, além de agilizar mil por cento o processo.


  • Músicas com alcance:


É crucial que, além de preencher todos os requisitos básicos da canção (perfil próprio e perfil do espetáculo/personagem), a sua música mostre toda sua extensão vocal (toda foi uma hipérbole gente, calma), e que exiba a sua capacidade dentro do que escolheu. Na primeira audição é imprescindível você demonstrar boa capacidade e qualidade vocal, isso porque você pode ser escolhido para integrar o papel no qual tem pretensão, ou o ensemble, ou ser Swing (lembra do item anterior? Ele se explica aqui também). E isso pode não acontecer caso não mostre o suficiente. Aqui no Brasil, o importante é ENTRAR na produção, pegar algum personagem é bônus.

Então, não se perca ao longo do caminho! Nessa etapa é tudo uma questão de demonstração, por isso é comum que na antessala da audição, ou até mesmo no fim dela, o pianista ou o diretor vocal peça para você fazer um vocalize. Eles querem saber se você tem o básico necessário para o show por si só.



  • Faça de um dueto/trio um solo:


Se você tem o dueto de um musical que gostaria muito de cantar (marque aqui a maioria das músicas de The Light in the Piazza e boa parte das composições do Jason Robert Brown) ou até mesmo de um trio, como em “At the Ballet”, não passe vontade. Não é tão comum por ser uma escolha que exige uma atenção redobrada, mas também não é nada tão incomum assim, os profissionais de guerra costumam fazer bastante. Portanto, não se esqueça de tomar os devidos cuidados com as linhas vocais e melódicas das canções no que se diz respeito à partitura para que não dê nada de errado (mas isso é assunto para o artigo que vem). E peça o acompanhamento de seu professor de canto, se necessário.



  • Carta na manga:


“Você tem outra música aí?”, é o terror de todos. Isso pode acontecer, ou pior, pode dar algum problema de falta de harmonia entre você e o pianista (terror parte II), logo é sempre bom ter uma segunda opção, aquela carta na manga que salva o seu dia. Não estou dizendo que é necessário que prepare ao mesmo tempo duas músicas (uma já é pressão o suficiente), porém que deixe em standby para desastres aquela que você sempre canta e está acostumado. Pode ser decepcionante? Claro que sim, mas acontece! O importante é tentar manter a calma um palmo abaixo do seu diafragma e seguir em frente. Antes ter cantado bem alguma coisa do que sair decepcionado com o que poderia ter sido. Um ator preparado é tudo!!



  • Pense fora da caixa e pesquise:


Seu repertório de canções precisa ter todos os hits popularizados que você já está acostumado (assim como todo mundo), no entanto, teatro musical é, além de viver de sala de audição em sala de audição, uma pesquisa constante. Não só corra atrás de novos compositores e espetáculos, como também os estude, cada parte de sua história, antes, durante e depois. Entenda o contexto do que você está cantando. Na audição, a música também é seu monólogo.

Não selecione nada só para tentar impressionar ou por ser diferente ao extremo, pois você pode acabar se dando mal. De nada vai adiantar se não combinar com o que você gosta e está acostumado a assistir/ouvir, além de seu perfil, óbvio. Escolher um solo é como escolher uma roupa, afinal de contas.





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